Ham ham ham ham!
Ham ham ham ham!
Him him him him!
Him him him him!
Não me pergunte por que é que estou a gritar.
Não me questione por que da publicação das minhas lágrimas.
Não procura saber sobre minha tristeza.
Nem me pergunte se estou angustiado ou não.
Nhandayeyo, nhandayeyo, nhandayeyououou.
Nhandayeyo, nhandayeyououou, nhandayeyo, nhandayeyououou!
Vai-te embora! Vá!
Não pára para me socorrer agora.
Espera que eu morra!
Não me tire dessa solidão já, até que eu suicido-me.
Não me traga calmas para tranquilizar-me, simplesmente duas facas bastam para degolar o porco!
Nhandayeyo, nhandayeyo, nhandayeyououou,
Nhandayeyo, nhandayeyo, nhandayeyououou.
Pára! Agora pára pa!
Pára com suas perguntas.
Porque eu já disse-lhe.
Já disse-lhe que não procura saber dos cantos do escravo.
Ele não é permitido recitar que sente dor de mau trato físico nem que seja psicólogico.
Nhandayeyo, nhandayeyo, nhandayeyououou.
Nhandayeyo, nhandayeyo, nhandayeyououou.
Não me pergunte se dói viver numa sociedade imatura, porque não vou lhe dizer, que, sim dói!
Nem que ela esteja cega.
Não vou lhe dizer isso não.
Mesmo que seja verdade que uma sociedade como a minha é corruptivel por querer ser o impossível, não vou revelar isso.
Porque os meus cantos frequentes já dizem o suficiente a respeito disso.
Nem se perguntares-me se o imaturo é grave ou perigoso, não aceito lhe revelar.
Nem que sinto uma tristeza imensa pela falta de independência ou autonomia, não vou dizer a ninguém.
Nem que aquela que está a pisar nos meus pés causa-me dor, não vou recitar a ninguém. Nem que hoje em dia tudo o que se dá tem por detrás algo absurdo de troca, não vou decifrar.
A única coisa que liberta-me da escravidão é o meu grito fecundo.....nhandayeyo, nhandayeyo, nhandayeyououou, nhandayeyououou.
Será que há refúgio para essa dor?
Será que há uma liberdade mesmo que seja de uma gota de água?
Será que há uma saida sem equívocos?
Será?
Será que há mesmo um buraco de esconderijo para esse escravo, escravo mudo?
Talvez possa reduzir-se a vontade do diabo criador da dor sem fim.
Ou talvez basta um canto suável de palavrinhas como essas: filha da mãe de cabeça dura, sua imatura de pele morta do ocidente diabólico, que se mata de burrice da sua mãe de sovacos de ovo podre!
JUERSA. O grito de escravo. 17. 04. 2012, 23: 18’ .