Flávio Poeta F. Moreira


Flávio Poeta F. Moreira

Com inspiração divina
Faço meu verso rimado
Levando ao meu leitor
O presente e o passado
Falando sobre os Reis Magos
E a origem do reisado
Bem antes do nascimento
De Jesus Cristo, o Messias
Os profetas anunciavam
Esta linda profecia
Que o Pai Eterno enviava
Pra novas de alegrias
A vinda de Jesus Cristo
Passou a ser profetizada
Pelos profetas do mundo
Com inspiração sagrada
E a grande obra divina
Passou a ser desejada
Eles diziam que nascia
O Sagrado Onipotente
Do ventre de uma virgem
Que a Deus era temente
E que seria o Rei Divino
Pra reinar eternamente
E tudo foi profetizado
Conforme Deus Pai queria
Tempos depois surgiu os Magos
Com alta sabedoria
Conhecedores a fundo
Do símbolo da Astrologia
Aprofundados em ciência
Com alto conhecimento
Tiveram a confirmação
Do grande acontecimento
E que uma estrela apareceria
Na noite do nascimento
E eles muito devotos
Da santa religião
Acreditaram na promessa
Do autor da criação
E muito bem se prepararam
Para a peregrinação
A terra dos três Magos
Eu também quero narrar
Segundo o que está escrito
Na Pérsia Rei Baltazar
Melchior de oriental
Na Celeucia Rei Gaspar
Melchior naquele tempo
Estava desorientado
Porque sua própria irmã
Ele tinha desonrado
E teve um grande pesadelo
Naquele triste pecado
Na cidade de Celeucia
Procurou o Rei Gaspar
E perguntou o que fazia
Para Deus lhe perdoar
Rei Gaspar lhe convidou
Para também viajar
Então eles confiantes
No que ia acontecer
Prepararam as ofertas
Que deviam oferecer
Pra quando vissem a estrela
Não ter o tempo a perder
Quando foi a hora certa
A estrela apareceu
Os Magos disseram alegres
Jesus Cristo já nasceu
Foram cumpridas as profecias
Conforme Deus prometeu
No mesmo instante se aprontaram
Com a maior felicidade
Montaram em dromedários
Com grande ansiedade
O povo se admirou
Vendo aquela novidade
A estrela se moveu
Lentamente foi andando
Os Magos do Oriente
Também foram caminhando
E uma grande romaria
Também foi acompanhando
Rei Gaspar e Baltazar
E Melchior em companhia
Acompanhando a linda estrela
Que no firmamento surgia
Quem via se admirava
Porque de nada sabia
Com destino ao Ocidente
Foi que eles caminharam
Passaram em Jerusalém
Com Rei Herodes encontraram
E sobre o grande nascimento
Os Magos lhe informaram
Herodes recebeu os Magos
Com grande perturbação
Onde nasceu o menino?
Indagou com precisão
Querendo saber de tudo
Pensando na traição
Falou para os três Reis Magos
Já que vós vais procurar
Quando encontrar o menino
Volte e vem me avisar
Quero dar-lhe boa oferta
E ter prazer em avistar
Disse isto disfarçando
Mas com terrível intenção
Planejava mil malícias
No seu bárbaro coração
Queria matar Jesus
Sem a mínima compaixão
Mas o Santo Pai eterno
Lá do alto céu sabia
Que o destino de Herodes
Era usar a tirania
Assassinar o Menino
Filho bento de Maria
E sabendo que Herodes
Era falso e desumano
Fez que os Magos despedissem
Daquele monstro tirano
E seguir o guia certo
Que era o Astro soberano
Na verdade a linda estrela
O tempo todo esteve ausente
Quando os Reis deixaram Herodes
Ela brilhou novamente
Indicando aos viajantes
O caminho corretamente
Já a caminho de Belém
Seguiu a peregrinação
E os Magos confiantes
Que aquele lindo clarão
Era o verdadeiro guia
Não precisavam informação
Depois de muito viajarem
A estrela foi parando
Por cima de uma cabana
E os Magos foram chegando
Com amor e com respeito
Foram se aproximando
E quando viram a Virgem Santa
E o Menino Jesus nascido
Botaram o joelho em terra
E deram graça em concebido
Eles viram que Deus cumpriu
O que tinha prometido
E eles já preparados
Para o tempo vindouro
Adoraram Jesus Cristo
E abriram seu tesouro
Fizeram-lhe a oferta
Com mirra, incenso e ouro
Maria e o varão José
Se acharam muito contentes
Em ver o seu Santo Filho
Receber estes presentes
E também ser adorado
Pelos três Reis do Oriente
Não foram só os três Magos
Que a Jesus Cristo adoraram
Os árabes e os pastores
E outros mais lá chegaram
Beijaram os pés do Menino
E boas novas programaram
Veio ao mundo humildemente
A luz de maior grandeza
Tinha poder pra nascer
Em palácio de riqueza
Nasceu numa estrebaria
Na mais completa pobreza
Uma pobre manjedoura
Foi o berço de Jesus
Veio para salvar o mundo
Com sua sagrada luz
E remir nossos pecados
Com seu martírio na cruz
E naquela manjedoura
Os Magos estavam preparados
Para fazer o regresso
Completamente enganados
Eles iam avisar Herodes
Que o Menino tinham encontrado
Mas o Santo Pai eterno
Que lê no livro fechado
Enviou aos três Reis Magos
Um sonho bem revelado
Que mudassem seus caminhos
Fugindo do rei malvado
Então prosseguiram a volta
Por caminho diferente
Fugiram do inimigo
Do sagrado Onipotente
Chegaram em suas terras
Realizados e contentes
E Herodes quando soube
Que tinha sido enganado
Porque viu que os três reis
Por lá não tinham voltado
Ficou muito furioso
Só pensava em ser vingado
E provou mesmo que era
Sem alma e sem piedade
Mandou matar as crianças
De dois anos de idade
Foi um dos maiores crimes
Feitos na humanidade
Mandou matar as crianças
Com a maior covardia
Só para ver se matava
Jesus filho de Maria
Mas o Santo Pai eterno
O seu filho protegia
À noite José dormia
Foi um anjo lhe avisar
Que Herodes procurava
O Menino para matar
E que fugisse para o Egito
Antes do dia raiar
Viajou a Virgem Santa
Por culpa do invejoso
Montada numa jumentinha
Puxada pro seu esposo
Com seu filhinho nos braços
Em caminho perigoso
Assim os pobres fugitivos
Do assassino se livraram
Depois de muito sofrimento
Em seu destino chegaram
Enquanto Herodes viveu
Lá no Egito ficaram
Peço aqui aos meus leitores
Para não me censurar
Neste folhetim pequeno
Bem pouco posso falar
Foi apenas um caminho
Para onde vou chegar
Porque quero aproveitar
Esta mesma ocasião
Para falar sobre o reisado
E sobre o mestre folião
Que é devoto aos três Magos
E cumpre sua missão
Sem primeiro e sem terceiro
Não pode existir segundo
Quando os pais de nossos pais
Avistaram a luz no mundo
Já havia esta missão
Deste mistério profundo
Alguém diz que é folia
Mas na verdade é jornada
Eles relembram os três Magos
Naquela longa caminhada
Que procuraram e encontraram
A Santa Família Sagrada
E pra ser mestre folião
Tem que ter conhecimento
Das profecias sagradas
Velho e Novo Testamento
E além de tudo isto
Ter um bom procedimento
Não é só armar bandeira
E comprar o fardamento
E aprender quatro versos
E tocar um instrumento
Tem que saber dar as novas
De todo acontecimento
Vinte e cinco de dezembro
É o início da jornada
Dos três reis do Oriente
Com a Família Sagrada
Até em seis de janeiro
Reza várias embaixadas
De seis para o dia vinte
Muda um pouco a tradição
Usa-se muito a rezar
No mártir São Sebastião
Que foi grande defensor
Da santa religião
Relembram que São Sebastião
Foi um santo injustiçado
Em um tronco de laranjeira
Ele foi preso e amarrado
Sofrendo muito castigo
Sem ele ser condenado
Mas os mestres de jornadas
Rezam mais as profecias
Levando para os devotos
As novas de alegrias
Festejando o nascimento
Do glorioso Messias
Eles lembram em Isabel
De Zacarias e João
E do anjo São Gabriel
Quando fez a anunciação
Explicando à Virgem Santa
A divina encarnação
A partida mais rezada
É o nascimento de Jesus
O glorioso Salvador
Que com a sua divina luz
Para nossa salvação
Sacrificou-se na cruz
Eles lembram da estrela
A caminho do Oriente
E todos que adoraram
O Sagrado Onipotente
Lembra a fuga para o Egito
E a matança dos inocentes
Lembra que com oito dias
Foi feita a circuncisão
Depois com 40 dias
Fizeram apresentação
No templo em Jerusalém
Ao bom velho Simeão
Eles lembram de Jesus
Com doze anos de idade
Quando foi em Jerusalém
Em uma festividade
Debateu com os doutores
Naquela grande cidade
Lembra a infância de Jesus
Dando toda explicação
Relembra os trinta anos
Lá no rio do Jordão
Recebendo o santo batismo
Pelo seu primo João
Lembra o primeiro milagre
Que Jesus Cristo operou
Em Bolda de Canaã
A água em vinho transformou
E lembra que por duas vezes
O pão ele multiplicou
Eles lembram quando Jesus
No monte fez um sermão
E quando ele jejuou
Repelindo a tentação
Declarando que o homem
Não viverá só do pão
Lembra os milagres que fazia
Com amor e com carinho
E quando entrou em Jerusalém
Montado num jumentinho
E o povo cortando ramos
Espalhando pelo caminho
Lembra a ceia e os apóstolos
E o beijo da traição
E todo padecimento
Quando entrou para a prisão
Lembra a morte e o sepulcro
E a santa ressurreição
Leitores vou terminar
Esta rima altaneira
Se quiseres mais detalhes
Desta obra verdadeira
Comunique-se com o poeta
Flávio Fernandes Moreira
FIM
Moreira, Flávio Poeta F. Profecias em verso com a origem do reisado. Rio de Janeiro, Federação de Reisado do Estado do Rio de Janeiro, 1986

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